segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Proteger... Proteger?

Uma política de proteção diz respeito às imagens, informações e conhecimentos sobre sexo que as crianças podem ou não ter acesso. Em eras mais liberais sustentava-se que crianças e adolescentes deveriam ser encorajados a questionar e explorar, com o auxílio dos pais e educadores, como guias, ou como pessoas com quem conversar em caso de algum problema. Hoje em dia propagou-se um medo generalizado, segundo o qual a juventude é má e está fora de controle (não obstante o permanente dogma de que essa mesma juventude é facilmente manipulável pelos adultos, quando o assunto é sexo), de modo a justificar o reforço no poder da autoridade estatal. Assim é que tivemos uma ampliação da interveniência estatal junto às instituições de ensino, sobre as publicações científicas, também quanto ao pátrio poder, abortamento e outros temas ligados à sexualidade.
Há também a crescente tendência de se querer punir como adultos jovens infratores. Parece ser consenso geral que as crianças não mais respeitarão seus pais, e que se não houver uma ampliação legal do pátrio poder, elas irão, fatalmente, procurar o proibido e o danoso. É como se os jovens precisassem ser controlados por microchipes e por programas que os censurem.
A ironia nisso tudo é que as pessoas que estão protegendo os jovens de “abusos” são freqüentemente as mesmas pessoas que estão programando as crianças para que acreditem ser más e burras (ou seja, de que precisam ser protegidas delas mesmas). Ora, quando alguém (especialmente uma criança) é tratada como algo que ela não é, por um tempo longo o suficiente, essa pessoa vai acabar acreditando que realmente é o que na realidade não é. Ela acabará por tornar-se aquilo que não deveria ser, e a agir do modo que não deveria naturalmente agir, já que estará agindo por pura pressão social.
Não é difícil imaginar como se comportará uma criança que é levada a acreditar que é má e estúpida, por toda a sociedade. Se as preocupações morais da juventude de hoje forem realmente menores, quando comparadas às das gerações anteriores, esse não seria mais que um resultado da massificação de que elas não são dignas de confiança para lidar com seus próprios copos e mentes. Eis mais um exemplo da hipocrisia dessa cultura de pseudo-proteção à criança, e como ela cria mais problemas do que resolve.

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