segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Harmful to Minors

Não consigo entender a percepção da sociedade na relação entre a sexo e criança: Há vários relatos científicos sobre tribos na América do Sul em que é costumeiro (nos dias de hoje) que homens adultos escolham uma garota, numa idade de uns dez anos, para ser sua mulher. A partir de então ele será responsável por sua educação, alimentação, etc. Também sei de descrições de civilizações no pacífico onde a sexualidade infantil era vista como algo positivo (e inclusive incentivada). É importante ressaltar que os incentivos aos relacionamentos sexuais intergeneracionais em tais sociedades são importantes meios para um melhor desenvolvimento da criança, que se torna um adulto saudável.
Essa maneira doentia que a civilização ocidental encontrou para lidar com o sexo só tem criado um problema cada vez maior de saúde pública, com todos esses diferentes tipos de problemas sexuais que 100% dos adultos sofrem.
Intencionalmente, nossa cultura aleija sexualmente seus membros de várias maneiras. Ela descobriu, há muito tempo atrás, que a forma mais fácil e eficiente de conseguir isso é proibindo o sexo às crianças e não ensinar nada a elas sobre esse assunto. Ela também envia as crianças às escolas para mantê-las distraídas com coisas sem sentido, de modo que elas não tenham a oportunidade de “fazer alguma coisa feia por aí”, leia-se experimentar sexo e drogas.
O plano é o seguinte: manter as crianças longe do sexo enquanto for possível, de preferência até que estejam em idade para casar, quanto então (teoricamente) poderão ser casadas como virgens, para que passem o resto de suas vidas felizes para sempre até que a morte as separe. Tudo isso, é claro, é feito em nome da preservação dos valores tradicionais da família, em particular do casamento monogâmico.
Os problemas que surgem dessa prática são multifacetados. Pra começo de conversa, as pessoas casam-se por motivos errados, e com o atual acesso fácil ao divórcio, muitos casamentos logo se desfazem. Obviamente, os julgadores do divórcio punem o homem (e ocasionalmente a mulher) de diversas formas pela quebra da união, mas as pessoas que mais saem feridas são os filhos, se o casal os tiver. Não necessariamente por ficarem divididos entre o pai e a mãe, embora isso certamente ocorra, mas por que o estigma ligado ao divórcio (resultante daqueles mesmos valores tradicionais) afeta as crianças negativamente.
Outro problema com esse sistema é privar as crianças do direito natural de explorar e aprender sua sexualidade como desejarem, naturalmente, sem culpas, nos seus próprios termos, e com quem quer que escolham. Atualmente, quando as crianças atingem idade para casar, elas possuem praticamente nenhuma experiência que lhes permita saber o que procurar num relacionamento de longo prazo, fazendo com que o divórcio seja algo quase inevitável à juventude de hoje.
Segundo muitos dos valores tradicionais as crianças devem moldar seus relacionamentos com base no de seus pais, e muitas assim o fazem, mas o problema aí é que: (a) Muitos pais não servem como bons modelos; e (b) O papel desenvolvido pela criança e o relacionamento com seus pais inevitavelmente se tornam embolados com o modo como elas vêem seus pais, de modo que correntemente há muita confusão na criança sobre qual deveria ser seu papel num relacionamento. Lembre-se que os pais são figuras de autoridade na vida da criança, tanto quanto são modelos de papéis.
Acredito que a progressão natural do aprendizado sobre relacionamentos, e como formar relacionamentos de longo prazo, começa com a possibilidade de criança contar com um mentor mais experiente, alguém que não é seu pai ou mãe, ou alguma figura de autoridade para essa criança, mas que seja alguém que se preocupa muito com ela e que deseja ensiná-la o que é necessário que ela saiba. Em outras palavras, acredito que o papel do childlover é muito importante para uma sociedade saudável. Mas está óbvio que não vivemos numa sociedade saudável.
A sociedade ocidental está doente quando se trata de sexualidade e expressão da sexualidade, principalmente porque ela está fundada no dogma religioso de que o sexo é errado fora do casamento (e mesmo no casamento se não for para procriação), e que um deus onisciente está a nos observar e a nos condenar desesperadamente.
Francamente, Deus, se ele existe, não faria com que o sexo fosse tão bom (dentro ou fora do casamento, ou na infância) a não ser que ele, na realidade, deseje que nós o façamos MUITO mais do que atualmente o fazemos.
Alguns psicologistas continuam afirmando que o “abuso sexual” causa efeitos negativos duradouros, mas em TODO estudo científico isento de preconceitos e censura chegou-se à conclusão que NÃO há efeitos colaterais duradouros ao sexo consensual com um adulto na infância, indiferentemente de tratar-se de menino ou de menina. Há sim alguns efeitos TEMPORÁRIOS, os quais podem ser positivos ou negativos, dependendo da criança e do meio em que vive (sua religiosidade, por exemplo).

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